- Área: 180 m²
- Ano: 2015
-
Fotografias:Daniela Mac Adden, Diego Medina
Descrição enviada pela equipe de projeto. Casa L4 se localiza em um condomínio privado chamado Costa Esmeralda, a treze quilômetros ao norte da cidade de Pinamar, a quatro horas da cidade de Buenos Aires. O bairro onde está o lote, Barrio Marítimo II, está disposto linearmente paralelo ao mar. Um bosque de pinheiros entre o bairro e a orla respeita os 200 metros de afastamento estabelecidos por legislação municipal.
A casa foi projetada para ser usada durante pequenas estadias de descanso, tendo capacidade para receber hóspedes e ser adaptável para ser eventualmente alugada.
O lote original estava florestado por fileiras de pinheiros de praia; a topografia conta com desnível de dois metros em suas extremidades.
A seleção dos materiais a serem utilizados foi baseada em dois motivos:
Como já tínhamos a experiência de ter construído outras casas em concreto aparente, sabíamos que este material era capaz de se conservar ao longo do tempo com pouquíssima manutenção.
Sua cor e textura estabeleceriam um diálogo harmonioso com o entorno natural local.
A área social deveria atuar como grande protagonista da casa, amplo, luminoso e vinculado com o exterior, enquanto que as áreas privadas deveriam ser conformadas por quatro suítes e ser o máximo independentes possível. Nossa intenção era desenvolver a maior parte do programa em apenas um pavimento e um espaço externo de maior altura, para poder contemplar o contexto natural. Tanto a vegetação como a topografia natural conformavam as riquezas que o projeto deveria respeitar.
A casa deveria ficar imersa no bosque, envolta por sua atmosfera. Por isso, está recuada dos limites frontais mais do que o exigido pela legislação local. Ao afastá-la da rua, os espaços internos ganharam mais intimidade enquanto que os espaços posteriores não foram prejudicados, já que visualmente se prolongam além dos limites do lote, fundindo-se com o bosque de pinhos junto ao mar.
Com a intenção de criar um contraste sensorial, o acesso à casa é experimentado a partir de uma semi cobertura escura através de uma estreita escada contida entre as paredes cegas de concreto aparente em direção a um espaço amplo e luminoso: a planta principal.
A disposição da planta proporcionou grande privacidade aos dormitórios ao colocá-los em cada um dos quatro ângulos da planta quadrada.
As atividades sociais assumiram seu lugar na parte central. Uma escada que conduz à cobertura está no coração da casa, contribuindo para sua organização espacial. Situada junto às áreas de uso comum, a cozinha e sala de jantar está em uma das laterais, e as áreas de estar em outro, definindo e mantendo estes espaços de uso funcional e visualmente conectados.
O equipamento dos dormitórios e seus respectivos banheiros estão separados do perímetro que fecha a casa.
Do lado mais alto do terreno, onde a plataforma da casa está apoiada no terreno natural, o fechamento lateral é reduzido a uma abertura da parede para o ambiente exterior através de uma fenda longitudinal baixa, protegendo a espacialidade interior das vistas do lote ao lado.
No comprimento mais baixo do lote, onde a casa está quase dois metros afastada do solo, os fechamentos laterais são compostos de um muro baixo com uma abertura linear alta.
Ambas soluções permitiram gerar vistas ao exterior e espaços naturalmente iluminados sem deixar de preservar o caráter íntimo de sua espacialidade interna.
Já as fachadas frontal e posterior possuem fechamentos transparentes que ocupam toda a altura e comprimento do volume, direcionando as vistas e demarcando visuais. Na parte posterior da casa, as aberturas fazem com que o espaço interno se amplie para se expandir para o deck semi-coberto e se unificar com o espaço externo.
A própria maleabilidade do concreto permitiu conceber a escada como um elemento escultórico independente. Com a mesma plasticidade expressiva trabalhamos as paredes que dividem os dormitórios do setor central gerando em ambos os lados saliências e nichos que serviram de apoio ao mobiliário.
Dada a profundidade da planta, optamos por reforçar a iluminação natural a partir da cobertura.
A área central do setor social é banhada de sol através do prisma transparente que abriga a escada principal. Foram incorporadas faixas lineares sobre os parâmetros internos que delimitam o espaço da cozinha e sala de jantar, buscando gerar sobre a superfície destas paredes o efeito da luz natural ao longo do dia. Nos banheiros, aberturas zenitais estão sobre os chuveiros.
A estrutura portante foi resolvida através de uma grande laje sustentada por um sistema de vigas invertidas apoiadas em partições localizados no interior da planta e colunas metálicas dispostas sobre os fechamentos laterais formando parte das esquadrias. Para enfatizar a horizontalidade da casa e reduzir o seu impacto visual, o sistema estrutural de vigas foi amarrado respeitando a linha de fechamentos, gerando lajes em balanço que atuam como elementos de proteção solar.
Desde a planta de cobertura, abraçado pelas copas dos pinheiros está um espaço de contemplação. Graças a transparência da caixa de escadas, podemos desfrutar amplas vistas em todas as direções. Coberto por um deck de madeira e equipado com uma ducha e duas piscinas anexas, este espaço se eleva como um mirante orientado para o mar.
Em um meio natural, uma caixa construída está orientada de madeira a permitir que o exterior flua, entre e saia por seus interiores, convertendo-a assim em parte do entorno, fundindo-se e vibrando em consonância harmônica com o meio. Através de sua síntese espacial e o caráter despojado de sua materialidade, queríamos que a casa despertasse sensações e conseguisse potencializar os sentidos das pessoas que a habitariam.